Professores e a coordenadora de Língua Portuguesa planejaram as atividades de recuperação do segundo semestre letivo de 2011 nos três últimos encontros semanais, às quartas-feiras. Os docentes selecionaram conteúdos e atividades a serem trabalhados nas aulas de recuperação dos alunos do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Durante os encontros também foram trabalhados textos sobre o tema, para a conscientização dos professores sobre a importância da recuperação, já que é um direito do aluno previsto em lei. Um dos textos trabalhados foi as 11 respostas para as questões mais comum sobre recuperação, retirado da Revista Nova Escola.
As maiores dúvidas
de quem enfrenta o desafio de garantir a aprendizagem de todos os alunos, sem
exceção. Um bom diagnóstico das aprendizagens mostra o que a criança já sabe e
o que falta aprender. Você vai ver que, dentro de um conteúdo, as dúvidas não
são tão diferentes.
Como verificar o que de fato os alunos ainda não aprenderam?
Diagnóstico
inicial, provas, observações de atividades realizadas em sala de aula,
exercícios de sondagem, situações-problema, trabalhos em grupo, tarefas de casa
- em conjunto, esses e outros instrumentos de avaliação ajudam a enxergar os
diferentes saberes de cada um. Olhar apenas a nota das provas é absolutamente
insuficiente para averiguar o que foi aprendido. Ainda mais quando sabemos que
esse tipo de avaliação nem sempre é preparado de uma forma que permita checar
se cada conteúdo trabalhado foi de fato aprendido. "Avaliação bem feita e
válida é aquela que está relacionada aos objetivos de ensino e traz perguntas
que abordam tudo o que foi ensinado. Ela permite que o aluno descreva o que
aprendeu ou deixou de aprender", afirma Luckesi. "Sem ter clareza
sobre as dificuldades de cada um, o professor pensa que terá de trabalhar com
muito mais conteúdos do que o necessário e acaba desistindo da recuperação."
Como analisar os
resultados das estratégias de avaliação?
Em relação
especificamente às provas, uma boa dica é ler de uma vez a resposta de todos a
uma mesma questão. É importante fazer anotações sobre as dificuldades
encontradas: quem errou, por que, como, as ideias apresentadas sobre o assunto,
quais os equívocos mais comuns etc. Tabular esses dados ajuda a definir em que
investir mais força, o que retomar coletivamente e o que trabalhar em pequenos
grupos (leia mais no quadro abaixo). Ao analisar cadernos, portfólios e
trabalhos de casa, você tem um retrato dos diferentes momentos de avanço da
turma - o que é fundamental para enxergar exatamente onde está a dificuldade de
cada um em compreender o conteúdo e para eleger as estratégias que ajudarão
todos a superar os problemas.
Nas situações do dia a dia na sala de aula e nas tarefas de casa, é possível checar se problemas detectados no desempenho em provas se confirmam. "É comum as crianças não saberem utilizar nos testes o conhecimento que têm", ressalta Rosa Maria Antunes de Barros, coordenadora pedagógica da Escola Castanheiras, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, e autora de um estudo sobre grupos de apoio em escolas. Se numa atividade um aluno soube fazer algo e nas outras não, é indicativo de que ele domina parte do conteúdo, mas não está seguro disso. É imprescindível falar com ele, escutar quais são suas hipóteses, verificar até onde chegou e quanto avançou desde a última atividade.
Nas situações do dia a dia na sala de aula e nas tarefas de casa, é possível checar se problemas detectados no desempenho em provas se confirmam. "É comum as crianças não saberem utilizar nos testes o conhecimento que têm", ressalta Rosa Maria Antunes de Barros, coordenadora pedagógica da Escola Castanheiras, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, e autora de um estudo sobre grupos de apoio em escolas. Se numa atividade um aluno soube fazer algo e nas outras não, é indicativo de que ele domina parte do conteúdo, mas não está seguro disso. É imprescindível falar com ele, escutar quais são suas hipóteses, verificar até onde chegou e quanto avançou desde a última atividade.
Concluí que meus alunos têm dificuldades diferentes. Como lido com isso?
"Fazer
agrupamentos é o grande pulo do gato para recuperar as aprendizagens de
todos", acredita Rosa Maria. Tendo um diagnóstico bem feito, que aponte
exatamente os problemas de cada um em relação aos conteúdos trabalhados em sala
até o momento, é possível dividir a classe. Um grupo será constituído pelos que
não apresentam problemas e precisam continuar avançando. Os demais devem ser
divididos em no máximo três agrupamentos, com dificuldades comuns entre os
integrantes. Afinal, em determinado tema abordado em aula, não há tantas coisas
diferentes que possam gerar dúvidas entre a garotada. Porém, se você detectou
que um problema de aprendizagem é comum a grande parte da turma, cabe uma
reflexão: será que a metodologia e a estratégia utilizadas foram coerentes com
o objetivo pedagógico? Em seguida, retome o conteúdo com urgência e sobre novas
bases. Lembre-se de que avaliar também é checar a qualidade e a eficácia do
próprio trabalho.
Quais os critérios mais indicados para formar grupos em sala de aula?
São duas as
variáveis que determinam os agrupamentos: as necessidades de aprendizagem e o
objetivo da própria atividade. Além disso, é importante considerar as
características pessoais e os vínculos afetivos da turma. Dependendo da tarefa,
a garotada fica livre para escolher os parceiros. "Em qualquer dessas
situações, é importante deixar claro para todos no que se baseou a organização
e os seus objetivos com ela. Eles têm de estar seguros e saber o que é esperado
deles", ressalta Maria Celina Melchior.
OS ERROS MAIS
COMUNS
- Determinar quem será
reprovado antes do fim do ano letivo.
Os alunos com mais dificuldade não devem ser abandonados. Ao contrário, eles
são os que mais precisam de atenção.
- Separar os que têm dificuldade em uma sala para os "fracos". Essa estratégia estigmatiza quem está de recuperação e não ajuda no processo de aprendizagem.
- Deixar a recuperação para a última semana do ano letivo. Se para a criança está sendo árduo avançar, uma revisão rápida do programa do ano não funcionará.
- Repetir na recuperação as estratégias já usadas. É preciso proporcionar outras formas de ensino para que todos aprendam o conteúdo.
- Separar os que têm dificuldade em uma sala para os "fracos". Essa estratégia estigmatiza quem está de recuperação e não ajuda no processo de aprendizagem.
- Deixar a recuperação para a última semana do ano letivo. Se para a criança está sendo árduo avançar, uma revisão rápida do programa do ano não funcionará.
- Repetir na recuperação as estratégias já usadas. É preciso proporcionar outras formas de ensino para que todos aprendam o conteúdo.
De que forma posso organizar o trabalho dentro dos agrupamentos?
Em cada um deles, o
estudo pode se dar em subgrupos, duplas ou individualmente, de acordo com as
necessidades de aprendizagem e os objetivos de ensino. Em agrupamentos maiores,
são ricas as discussões de estratégias para resolver uma questão ou a reflexão
sobre o tema estudado. Nas duplas, é válido colocar alguém que tenha maior
dificuldade para realizar uma atividade com um colega que entendeu melhor. As
dúvidas do primeiro podem ser fundamentais para que o outro avance no conteúdo.
Além disso, quem está enfrentando problemas aprende com a ajuda do colega.
"Isso, no entanto, não deve ocorrer sempre. É preciso lembrar que quem
sabe também precisa continuar aprendendo", explica Maria Celina. Já as
atividades individuais ajudam o aluno a se sentir seguro sobre as
aprendizagens, já que tem de colocar em jogo todo o conhecimento adquirido. Não
esqueça: na maior parte do tempo, todos estarão juntos e vão seguir aprendendo
ou revendo os mesmos conteúdos.
Como dar conta das diferentes demandas dos grupos sendo uma pessoa só?
O segredo é
planejar em detalhes cada aula de recuperação, prevendo tarefas para todas as
equipes (leia mais no quadro abaixo). O ideal é propor sequências didáticas bem
ajustadas às necessidades de aprendizagem de cada uma delas. Na hora de
determinar o que fazer e quando, considere os critérios didáticos a seguir:
Atividades - Trabalhar com foco nas necessidades dos alunos não significa a toda aula propor algo diferente para cada um. É claro que no reforço não adianta repetir o que já foi realizado pela turma, mas propondo diferentes atividades você contempla mais alunos. Para os que já compreenderam a matéria, apresente tarefas com complexidade um pouco maior. À medida que aqueles que estão com dificuldades caminham, é possível propor a eles o que os avançados fizeram nas aulas anteriores. Construa um banco de atividades, se possível, com colegas da escola. Guarde os arquivos de propostas que surtiram bom efeito em aula para sempre adaptá-las e melhorá-las.
Recursos - Invista em diversos materiais (vídeos, músicas, revistas, jornais, sites, jogos, mapas, atlas etc.) e estratégias (aulas expositivas, visitas a locais históricos etc.) como ferramentas de ensino. Mesmo em tarefas coletivas, é possível escolher recursos diferentes para cada grupo, sempre pensando no que melhor se encaixa em seu objetivo e nas necessidades de cada um.
Tempo - Quem acompanha a turma de perto identifica os que precisam de um período maior para entender um conteúdo e já considera isso no planejamento. Às vezes, a criança tem de ficar mais tempo num mesmo ponto e contar com uma atenção redobrada, enquanto o restante realiza mais de uma atividade. O segredo é destacar essa flexibilização de tempo no planejamento e garantir que nas aulas coletivas ela siga avançando.
Atividades - Trabalhar com foco nas necessidades dos alunos não significa a toda aula propor algo diferente para cada um. É claro que no reforço não adianta repetir o que já foi realizado pela turma, mas propondo diferentes atividades você contempla mais alunos. Para os que já compreenderam a matéria, apresente tarefas com complexidade um pouco maior. À medida que aqueles que estão com dificuldades caminham, é possível propor a eles o que os avançados fizeram nas aulas anteriores. Construa um banco de atividades, se possível, com colegas da escola. Guarde os arquivos de propostas que surtiram bom efeito em aula para sempre adaptá-las e melhorá-las.
Recursos - Invista em diversos materiais (vídeos, músicas, revistas, jornais, sites, jogos, mapas, atlas etc.) e estratégias (aulas expositivas, visitas a locais históricos etc.) como ferramentas de ensino. Mesmo em tarefas coletivas, é possível escolher recursos diferentes para cada grupo, sempre pensando no que melhor se encaixa em seu objetivo e nas necessidades de cada um.
Tempo - Quem acompanha a turma de perto identifica os que precisam de um período maior para entender um conteúdo e já considera isso no planejamento. Às vezes, a criança tem de ficar mais tempo num mesmo ponto e contar com uma atenção redobrada, enquanto o restante realiza mais de uma atividade. O segredo é destacar essa flexibilização de tempo no planejamento e garantir que nas aulas coletivas ela siga avançando.
Como retomar conteúdos não aprendidos sem deixar de cumprir o programa?
Distribuindo
algumas aulas de reforço ao longo da semana de forma que você possa propor
desafios para os que não têm dificuldades e também atividades para a turma
completa. Reserve cerca de uma hora por dia ou um período de sua carga horária
para dar atenção aos agrupamentos. Determinar os objetivos e as metas para cada
um deles é fundamental para não desperdiçar tempo. No restante do seu horário,
siga com todos os alunos o programa normal.
Como ajudar cada um de acordo com suas necessidades de aprendizagem?
Uma alternativa é
reorganizar a sala, colocando os mais adiantados no fundo, os que estão com
dúvidas pontuais no centro e os que apresentam mais problemas próximo a você.
Assim, é possível passar entre as carteiras, observar todos atentamente e
intervir com afinco no trabalho dos que mais precisam. Verifique como eles
fizeram a atividade, peça explicações sobre a resolução, proponha a discussão
entre pares, mostre o que precisam rever etc. "Dessa forma, assim que as
dúvidas aparecem, elas são sanadas. Uma pequena intervenção, em certos
momentos, é essencial para a compreensão do conteúdo", recomenda Maria
Celina.
Mandar tarefa de casa como reforço é uma boa estratégia?
Como atividade
única e isolada, não. Mas, como complemento do trabalho realizado em classe,
sim, funciona e muito bem. Nesse caso, a ideia é sistematizar um conhecimento
adquirido. "É preciso selecionar desafios que o aluno tenha autonomia para
enfrentar. Ele tem de ter visto o conteúdo em sala, tirado todas as dúvidas e
feito exercícios similares com o apoio do professor. A tarefa será apenas para
sistematizar ou refletir sobre o que aprendeu", explica Rosa Maria. De
nada adianta preparar atividades para fazer em casa sem orientação. Dificilmente,
ele sozinho conseguirá avançar.
Qual o papel do titular da turma quando o reforço é no contraturno?
Em escolas que
oferecem horários especiais para a recuperação, o papel de quem está
diariamente com a turma é fornecer as informações possíveis ao colega que
ficará responsável pelas aulas extras, providenciar as atividades que serão
propostas e acompanhar o avanço da garotada. Afinal, é ele quem conhece as
crianças e sabe quais conteúdos elas precisam rever, as estratégias de ensino
já usadas e que se mostraram insuficientes. "Esse tipo de organização não
muda em nada a função do regente de sala", ressalta Maria Celina. Há
apenas uma exceção a essa regra: crianças não alfabéticas que já estão em
séries avançadas do Ensino Fundamental demandam uma ajuda mais efetiva por
parte do educador de reforço. Além de essa não ser a área do especialista, a
tarefa exige mais tempo e dedicação do que ele tem disponível. Quando essa
situação se apresenta, cabe aos gestores da escola ou da rede encaminhar o
caso.
Como saber se a recuperação funcionou e todos aprenderam?
Com novas
avaliações e análises dos resultados (leia mais no quadro abaixo). "É
preciso acompanhar o avanço de cada um de perto e registrar todos os
passos", recomenda Luckesi. Analise se os estudantes superaram obstáculos
e sanaram as dúvidas, se participam das discussões com bons argumentos e se têm
segurança e destreza para realizar os exercícios. Para se certificar das
aprendizagens, você pode apresentar questões semelhantes às das avaliações anteriores
e pedir que eles resolvam individualmente. Retome o diagnóstico inicial e as
anotações feitas antes da recuperação e compare o desempenho de todos. Aqueles
que superaram as dificuldades devem ser transferidos para o grupo dos que
precisam de novos desafios. Com aqueles que ainda não superaram todos os
problemas detectados, o trabalho continua, assim como a avaliação da
aprendizagem de novos conteúdos trabalhados, que é contínua.
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