18 novembro 2009

A LOCALIDADE TITARA EM PORTO-PI ESTÁ ENCANTADA COM O PROJETO CORDEL NA ESCOLA


UNIDADE ESCOLAR “TOTE OLIVEIRA”
LOCALIDADE TITARAS

PROJETO CORDEL NA ESCOLA




Objetivos
 Reconhecer a importância da literatura de cordel enquanto patrimônio histórico e cultural do povo piauiense, nordestino e brasileiro.

 Utilizar a poesia de cordel como recurso pedagógico para debater temas relacionados à educação escolar como cidadania, solidariedade, preconceito, discriminação racial, consciência ambiental, espiritualidade, ética, educação sexual, combate às drogas, violência, condição social da população, amor ao próximo.

 Estimular a leitura, produção e edição de folhetos de cordel entre professores, alunos e demais integrantes da comunidade escolar.

 Contribuir para o resgate da literatura de cordel na perspectiva de transformá-la em veículo de comunicação de massa.

 Realizar exposições em escolas, nas localidades dos alunos, emissoras de rádio, carros de som, em outros ambientes e meios de divulgação.
Justificativa


A poesia popular, enquanto literatura oral já existe há mais de 3.500 anos. No Brasil o cordel chegou, trazido de Portugal, onde era vendido como "folhas soltas", mas foi com um poeta nascido em Pombal, que ele ganhou celebridade. Foi Leandro Gomes de Barros quem primeiro passou a editar e comercializar, no final do século XIX, o folheto na forma tal como temos atualmente, por isso ele é considerado o patriarca dessa expressão popular e a Paraíba é tida como o berço da literatura de cordel.

O cordel que era vendido nas barracas das feiras livres pendurado em cordões e recitado ou cantado pelos poetas violeiros para atrair os compradores, hoje sofre dos males do esquecimento e do abandono, explicado pelo advento da era tecnológica e assimilação desenfreada da cultura estrangeira. Ele já foi, no interior do Nordeste, o jornal, a música, o lazer de um povo que se reunia nos salões ou terreiros das casas para fantasiar histórias lidas por aqueles que dominavam os códigos da leitura e servia também para alfabetizar tantos outros que às vezes sabia de cor folhetos famosos. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no Nordeste poetas de expressão como Patativa do Assaré e revelar ao mundo uma música inigualável de Luiz Gonzaga, valores que sintetizam a grandiosidade da nossa arte popular.

O cordel precisa sobreviver e voltar a ser uma cultura de massa tal como antigamente. Certamente alguns poetas continuarão nas feiras, outros levarão suas obras às bancas de jornal, livrarias, outros ainda procurarão utilizar os recursos da mesma era tecnológica que ajudou a sucumbi-lo - como o rádio, jornal, tv e agora mais recentemente a internet - para fazer chegar aos quatro cantos do mundo a imponente cultura nordestina.

Contudo, acreditamos que a literatura de cordel só poderá se transformar numa cultura de massa a partir do momento que a escola passar a estimular o seu uso, ou seja, a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários) adotar o hábito da leitura. Quando a escola procurar conscientizar a todos da real necessidade de se preservar o cordel enquanto saber histórico, estaremos caminhando em direção a sua revitalização.

Levar a literatura de cordel até a escola significa oferecer um importante e motivante meio de educação aos alunos dos ensinos fundamental. Através da poesia popular o aluno poderá conhecer aspectos da história do nordestino, pois o cordel retrata a cultura, o cotidiano, a realidade do povo e suas peculiaridades. Mas pode versar sobre qualquer assunto e ser utilizado como recurso pedagógico para debater temas relacionados à educação escolar como cidadania, solidariedade, preconceito, discriminação racial, consciência ambiental, espiritualidade, ética, educação sexual, combate às drogas, violência, condição social da população, amor ao próximo...

Ter o cordel nas bibliotecas das escolas pode representar um passo extremamente valioso para o devido reconhecimento e resgate desse tipo de literatura e dar à nova geração a oportunidade de apreciar a riqueza e expressividade da nossa cultura. Significa observar o contato do passado, da memória do saber tradicional, do conto poético numa linguagem ao mesmo tempo simplória e bela, de fácil compreensão e de uma engenhosidade singular observada na construção dos versos e rimas. A escola tem que obrigatoriamente prestigiar a cultura popular, caso queira preservar a sua própria história. E demonstrar preocupação na manutenção do saber é assumir e incorporar a sua rotina o contato com as manifestações que o povo cultiva, que apresentam significância e um visível potencial pedagógico. A literatura de cordel é uma dessas manifestações que devem e precisam ser utilizadas no ambiente escolar.

Enquanto livro para-didático ou leitura suplementar o cordel pode conduzir o leitor a uma viagem fascinante, a um universo textual completamente diferente do habitual onde a rima é um dos elementos que atrai, que desperta a curiosidade além de suscitar a sensibilidade artística.

No espaço escolar o cordel poderá ser usado para estimular a criatividade. Como é uma leitura que pode ser cantada, acompanhada de um ou vários instrumentos musicais como viola, rabeca, sanfona, violão, pífano, zabumba, flauta, pandeiro ou outro de interesse do professor, vemos a riqueza da sua utilização. Indiretamente há um incentivo à aprendizagem de determinado instrumento musical, ao próprio canto e à estimulação da educação rítmica, mesmo para aqueles que não queiram estudar ou compor música. Finalmente pode-se orientar os alunos a produzir histórias, o que de fato mais contribuirá para que sejam revelados valores e com isso fazer perpetuar em nossa região o estigma de lugar dos grandes poetas.

Por ser confeccionado com material simples, o folheto de cordel tradicionalmente teve preço acessível e as pessoas de baixo poder aquisitivo sempre tiveram oportunidade de adquiri-lo. Hoje falta divulgação para que ele seja conhecido pelas novas gerações, além de políticas públicas de incentivo.

Adquirir títulos com o objetivo de serem distribuídos aos alunos da rede pública de ensino, bem como a sua aquisição para o acervo das bibliotecas das escolas, poderiam ser iniciativas dos governos que muito iriam contribuir nessa tarefa de promoção do cordel. Outro meio seria a realização de concursos no interior das escolas, patrocinados com a incumbência de revelar talentos onde os vencedores poderiam ter as suas obras editadas.

Na escola o aluno deveria ser estimulado a ler, compor, conhecer as rimas, os tipos de versos, assim como estudar e criar a própria xilogravura e o professor ter oportunidade de participar de cursos sobre cordel para poder ter melhor embasamento para trabalhar com os alunos.

Considerando a literatura de cordel como Patrimônio Histórico do Povo piauiense, nordestino e brasileiro, vimos sugerir à Secretaria de Educação de Porto-PI, que seja implantado o "Projeto Cordel na Escola" na Unidade Escolar “Tote Oliveira” com o objetivo de favorecer o acesso ao cordel para todos os alunos da escola.
Orçamento
1 - Preço do cordel por unidade...........R$ 1,00(um real).


2 - Quantidade de cordéis que compõe o kit..........20(vinte).

2.1 - Preço do kit de cordel por unidade........................R$ 20,00(vinte reais).

Público alvo
* Turmas do turno da tarde: 6º “A” e 7”A”
* Turmas do turno da noite : 6º “B” , 7º “B”, 8 “A” e 9º “A”

ESTRATÉGIAS
- Realização, duas vezes por semana, de leitura e debate de folhetos de cordel entre alunos de 6º ao 9º anos.
- Estimular a produção de estrofes em sextilhas em todas os anos de 6º ao 9º, principalmente em datas festivas, sobre vários assuntos.
- Disponibilizar na biblioteca da escola, para todos os alunos, um acervo para utilização nas aulas vagas, recreio ou para empréstimo.
- Exposição sobre a técnica da elaboração das estrofes em sextilha, ou seja, a rima no final da palavra dos 2o, 4o e 6º versos, ex.:
A Gripe Suína em Cordel
Autor: Orlando Paiva

O mundo inteiro está alerta
Vive uma grande agonia.
Vítima de uma doença
Como há tempos não se via,
Estou falando da “Gripe Suína”
Que já virou pandemia.

Com o nome de "Nova Gripe"
Também foi batizada.
Através do vírus H1N1
A mesma é propagada,
Ainda não existe vacina
Que deixe a população curada.

- Construção coletiva de estrofes em sextilha sobre diversos temas:
O professor ou um aluno sugere um verso inicial e anota-se no quadro de giz. Em seguida o professor solicita que os alunos deem opiniões de versos para a montagem da estrofe.
- Construção individual de estrofes:
Sugere-se um tema e os alunos escrevem um verso ou uma estrofe.
- Estímulo à utilização do aspecto rítmico do cordel através do canto das estrofes tal como os repentistas, aboiadores e outros tipos e estilos musicais.
CONCLUSÃO
A experiência ora descrita foi desenvolvida sem a necessidade de se utilizar recursos específicos, numa escola com uma inadequada estrutura física e insuficientes materiais didáticos. Basicamente foram usados apenas o acervo de 20 títulos, quadro de giz, lápis, papel e a sala de aula para a implementação dos trabalhos.
A forma como é exposto o conteúdo através da poesia de cordel proporciona o debate onde é possível explorar, dentre outras possibilidades, o humor, que torna motivante a leitura.
Aqui, defendemos a idéia de que a escola é palco para o exercício da cidadania, onde o conteúdo deve proporcionar uma mudança na atitude das pessoas.
Em relação a repetência e evasão escolar, consideradas grandes dificuldades vividas pela escola pública de todo o país, este trabalho não apresenta um suficiente preparo para encaminhar sugestões, porém devemos enfrentá-los enquanto problemas que estão diretamente relacionados a estrutura da sociedade, que precisa passar por reformulações profundas.
No ambiente escolar é preciso que o aluno seja visto como alguém mais importante por todo o corpo funcional e tratado com mais amor e respeito, pois a maioria dos discentes é vítima do descaso social, da miséria, do abandono, das famílias desajustadas.
A escola pode ser um refúgio, mas também poderá não ter muito significado desde que não atenda às necessidades de bem-estar, prazer, carinho, proteção e alimentação. O conhecimento (o saber, a aprendizagem), o comportamento social ajustado do aluno, baseado na disciplina e respeito ao próximo serão conseqüências da receptividade que lhe é fornecida por um espaço limpo, organizado, bem cuidado, que disponha de uma orientação espiritual libertadora (sem fanatismos), de uma alimentação de qualidade e contínua - que seja diferente da sua rotina muitas vezes angustiante e precária - de pessoas (mais bem remuneradas) que a amparem e decisivamente sejam comprometidas com a transformação do quadro existente.
AVALIAÇÃO
* Observação
Da leitura, declamação, interpretação e canto dos versos de cordel no ritmo característico.
* Produção de estrofes
Exposição dos textos na escola e em outros locais da comunidade.
Edição no blog do Gestar dos textos em Literatura de Cordel Produzidos pelos alunos.
BIBLIOGRAFIA
E-mail: literaturadecordel@bol.com.br
Sites: http://literaturadecordel.vila.bol.com.br
http://chicodiniz.vila.bol.com.br
E-mail:
-DINIZ, Francisco Ferreira Filho Diniz - Subsídios do autor enquanto cordelista e professor de educação física.
- SÃO MARCOS, Instituto – Subsídios dos alunos dos turnos manhã e tarde da 3.ª a 6.ª séries, Santa Rita-PB, 2003.
- FREITAS, Orlando de Paiva Freitas – Subsídio do autor enquanto cordelista, professor, Secretário de Cultura do município de Porto-PI.

Um comentário:

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